quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

E se der Saudade??!...


Acordei com uma dorzinha no coração, aquela dorzinha chata que insiste aparecer vez ou outra, que tira o sono, que deixa um negócio ruim na barriga, na respiração, no coração, invadindo sem ao menos bater na porta e pedir para entrar. Depois de olhar alguns minutos para o teto e tentar voltar a dormir sem sucesso algum, me veio um rosto que achei ter apagado da memória, um rosto que escondi lá num labirinto espinhoso e cheio de curvas, armadilhas que achei ter construído como o mais perfeito e mais difícil de sair.

Saudade, me deu saudade de como você me olhava achando que eu tinha resposta para tudo, aquele olhar confiante de que tudo sempre daria certo no final e que eu descobri mais tarde que nem sempre se pode ter um final Feliz, pelo menos não Eu e Você. Me deu saudade do seu abraço apertado, aquele abraço que parece completar o outro, que conforta, que esquenta a alma e o coração, um abraço que encaixa perfeitamente no outro.

Levantei e fui até a cozinha, peguei um copo com água, bebi, coloquei o copo na pia que por sinal tinha uma imensidão de coisas lá dentro, fiz uma anotação mental de que deveria lavar assim que chegasse do trabalho no outro dia para evitar um acidente, o copo foi o último item empilhado com sucesso depois disso provavelmente seria um quebra quebra. Era você quem chegava disposto e me colocava ao seu lado sem saco algum para ir secando e guardando tudo o que lavava. E no final sua energia acabava me contagiando e estávamos cantando "Suuugarr, yes please. Won't you come and put it down on me? I'm right here, cause I need little love and little sympathy..." e dançando também, e até a louça ficava divertida.

E com um sorriso no rosto senti que o sono me pegava desprevenida, devagarzinho, até que meu celular tocou desesperadamente no quarto, dei um pulo do sofá, coração disparado pelo susto e assim que atendi:

_ Júlia, que história é essa de "E se der saudade??!!". Se der saudade de quem? Do que?... Espera nós estamos chegando.
_ Nós? Chegando? Aonde?

E ela desligou, e logo em seguida três loucas chegaram buzinando no meu prédio e gritando.

_ Júlia abre, chegamos!!

Desci para recepcionar aqueles três rostos sorridentes que me abraçaram e me beijaram e gritaram

_ I N T E R V E N Ç Ã O, você precisa de uma intervenção!!
_ Trouxemos vinho, chocolate, todos as temporadas de Friends, dois filmes, imagem e ação ou podemos só conversar. O que você quer primeiro?.
_ Saber porque eu preciso de uma intervenção!
_ Você colocou no seu Twitter "E se der Saudade??!...", acendeu uma luz vermelha assim que nós vimos, então viemos fazer uma intervenção.
_ Eu poderia estar falando da saudade de um lugar, uma viagem, um livro, um filme, um amigo, um parente, de estudar, poderia ser qualquer coisa.
_ Júlia, mas é você!!! Não é qualquer coisa, nós te conhecemos... 
_ Então, abrimos o vinho e começamos com o imagem e ação?
_ Vinho e imagem e ação, com certeza.

O telefone tocou mais uma vez, um amigo que também viu a minha pergunta no Twitter, aquele lugar deserto de gente que você acha que pode falar tudo que ninguém está reparando, que ninguém está nem aí, mas para a sua surpresa pelo menos quatro pessoas estavam.

_ Júlia "E se der Saudade", deixa em 2015 e abraça 2016, se der saudade é porque foi bom, mas não é mais porque senão não seria saudade seria presença, seria Amor. Abrace 2016 com toda a força e faça um churrasco para a gente por favor!

E eu ri, ri tanto que a barriga chegou a doer e a saudade voltou para dentro do labirinto e não saiu mais nenhuma vez naquele dia, naquela semana, a saudade resolveu nunca mais voltar. E se der saudade??! Tem sempre anjos por perto para te mostrar que existem muitas outras coisas que valem a pena manter no coração ou na barriga ou no pensamento. Que venha 2016 cheio de Abraços.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Vida de Solteira ...


Fiquei um pouco mais na cama, tentando criar coragem para enfrentar o dia que me esperava. Olhei pela janela do quarto, o tempo estava nublado, fazia um friozinho inebriante, o que me deixava com mais preguiça ainda de me levantar. Veio em minha mente todas as palavras que não foram ditas, que não puderam ser, já que o carinha com quem estava saindo resolveu do dia para noite que não estava mais interessado, que a graça havia acabado, pelo menos é o que eu achava já que o toque personalizado que coloquei no celular já não tocava mais.

Me espreguicei, uma, duas, três, quatro vezes, até finalmente sentir o chão gelado com meus pés. Fui saltitando até o banheiro, peguei a pasta e a escova de dentes e ao fechar o armário dei de cara comigo, o cabelo tinha criado uma estranha forma arrepiada na parte de trás da cabeça, duas bolsas enormes meio roxeadas pairavam embaixo dos meus olhos verdes brilhantes, parecia um zumbi desses filmes baratos. E um leve pensamento de como alguém se interessaria de qualquer forma por aquela imagem refletida no espelho, passou por um segundo em minha mente.

Tropecei ao subir uma escadinha que levava para a calçada de frente para aonde havia estacionado o carro, abri a porta, joguei tudo que estava em minhas mãos no banco do passageiro, sentei no banco, coloquei as mãos no volante, e chorei de novo, chorei por todas ás vezes que tive que passar por esse mesmo desprezo, sem nenhuma razão aparente. E me recompus, respirei fundo e falei mil vezes em pensamento - hoje não, seja forte, mulher e não uma garota. Limpei a maquiagem que havia borrado, liguei o carro, coloquei o som bem alto e parti.

Meu celular não parava de tocar, minha mãe queria saber como andava o meu mais novo partido, minhas amigas queriam marcar um encontro, meu Chefe saber o porque de ainda não ter chegado, sem falar em todos aqueles grupos que não paravam de apitar com seus Bons Dias... Bom para quem? pensei. Minha mente tentava processar tudo, qual desculpa daria dessa vez para mais um "partido" que ia embora sem aviso prévio em menos de um mês, a roupa que deveria usar para encontrar com as meninas e como falar para o meu Chefe que não dormi a noite inteira pensando no desastre que era minha vida profissional e amorosa e que precisava de pelo menos uns quatro meses de férias para me recuperar de tudo, mas que tive apenas uma noite e que um atrasinho apesar de tudo era muito justificável.

Coloquei um sorriso no rosto, dei uma olhada de novo na maquiagem e entrei no prédio como se não soubesse do atraso de trinta minutos. Mergulhei no trabalho, perdi o horário de almoço e acabei comendo uma barrinha de cereal que tinha jogado dentro da bolsa. Mas o que será que foi dessa vez, parei um momento para tentar desvendar o quebra-cabeça. Eu não demonstrei que estava apaixonada, deixei passar dois dias para mandar uma mensagem depois da primeira vez que saímos, a conversa parecia rolar naturalmente, saímos mais umas quatro vezes e me lembro de tê-lo visto sorrir todas ás vezes.

Fui interrompida com uma batida na porta, era Amanda, minha secretária lembrando que já estava na hora de ir. Arrumei tudo em minha mesa, entrei no carro e estacionei de frente com o costumeiro bar, o nosso bar preferido. Cheguei até a mesa e abracei todas as três. Pedi uma cerveja para acompanhá-las e uma delas nem bem deixou que eu me sentasse e soltou logo.

_ O que que aconteceu? o Babaca pelo menos deu alguma explicação ou sumiu como todos os outros?

Peguei minha cerveja, respirei fundo, prestei mais atenção do que deveria nas palavrinhas "todos os outros" e fiz uma careta, porque já estava virando algo frequente e sim com todos eles, e falei o que todas já sabiam.

_ Sumiu. Numa hora estava tudo lindo e perfeito, conversas que não pareciam ter fim, de manhã, de tarde e de noite. De repente começaram a ser apenas no final do dia, depois respostas monossilábicas até não ter mais nenhuma resposta.

_ B A B A C A!

Todas disseram juntas em alto e bom som, seguido de um brinde e todas começamos a falar dos desastres que nossos "partidos" se tornaram, uma a uma e não, não havia diferença em quase nenhuma das histórias. Tudo começava muito bem, conversas, encontros, beijos que batiam, interesses em comum, sexo bom ou não tão bom assim, mas ninguém é perfeito não é mesmo?! e mesmo assim, alguns dias depois a pessoa passava de falante, para monossilábica, para sem resposta alguma.

_ Tem que ter uma explicação plausível.
_ Tem sim, eles são todos B A B A C A S.
_ Mas não é possível que todos sejam.
_ É possível sim.

E nós caímos na gargalhada.

_ Talvez seja alguma mania que eu tenha e ainda não percebi capaz de irritar todos eles e depois de um tempo desistirem e saírem correndo.
_ É sim, uma mania, mas uma mania feia deles de sumirem sem pelo menos uma explicação.

E como se esquece de um compromisso chato que você tinha, o assunto foi esquecido também. Passamos para nossas vidas profissionais e nossos chefes chatos, para nossas famílias e as cobranças de casamentos e filhos e finalmente para quando seria nosso próximo encontro, mas na casa de uma de nós para que pudéssemos nos embebedar de vinho e bebidinhas coloridinhas e bonitinhas, falar mal de todos os homens e dormirmos nos colchões espalhados pela casa. Levantei para ir ao banheiro e ao virar o corredor bati de frente com ele.

_ Desculpa!
_ Ah! Não foi nada, não é sempre que a gente topa assim com uma mulher tão bonita não é mesmo?. Meu nome é Carlos, a propósito. E o seu?

E como se eu não soubesse aonde tudo isso ia dar, todas as conversas empolgantes, todas os encontros, todos os sorrisos, até tudo se tornar monossilábico, decepcionante, noites acordada tentando decifrar o que deu errado e virar uma conversa com amigas no bar. Tentando acreditar no impossível e ter um pouquinho de fé, eu prontamente respondi:

_Júlia, meu nome é Júlia.

E dentro da minha bolsa um som conhecido, um toque personalizado resolveu reviver outra vez, como se pressentisse o sabor do esquecimento.

           

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

48 horas sem whatsapp


Apesar do desespero de todos com a falta do whatsapp por 48 horas ininterruptas, acabei de perceber que até agora, as oito horas que se seguiram sem aplicativo, não está sendo nada difícil ter ido dormir sem o som característico dele apitando e acordar sem o mesmo som, uma paz só. Poder levantar sem ter a obrigação de responder todos os grupos com o mesmo "Bom Dia" ou "Booommm Diiiaaaa" de sempre, apenas sentar na cama, respirar fundo e levantar, escovar os dentes, pentear o cabelo, tomar café e sair para trabalhar.

Ouvi no rádio, pelo caminho até o trabalho, piadas sobre o assunto e alguns conselhos sobre o que deveria ser feito sem o aplicativo. "Que tal marcar um barzinho com os amigos e assim dessa vez, todos vão estar olhando um para a cara do outro, ao invés de estarem todos olhando para baixo, para a telinha do celular e teclando", outro disse "se você ver um estranho chegando perto, bem perto mesmo, não se assuste não, é só aquela pessoa da sua família que sempre esteve do seu lado, mas que você não via a muito tempo depois do whatsapp", e mais um soltou um "gente pelo menos agora vão deixar a coitadinha da Fabíola em paz".

E mesmo em tons de piadas e risos de fundo, você se dá conta ou sempre soube que ta tudo muito errado, como um aplicativo pode alienar tanto as pessoas ao ponto delas não conseguirem ver mais nada ao seu redor, não conseguir curtir momentos com pessoas especiais, mas em contra partida a facilidade de julgar e comentar sobre a vida, o erro de alguém que você nunca viu ou trocou qualquer palavra que seja. E não, não estou falando aqui que o aplicativo só trás coisas ruins, ele facilita e muito a minha vida, a vida das pessoas em geral, mas algumas coisas deveriam ter sim limites.  

Se eu estou feliz com essas quarenta e oito horas?! Estou sim, porque me fez relembrar das vezes em que tínhamos que esperar dar meia noite para entrar no ICQ, lembram do nosso velho amiguinho aí?! Pois bem, precisávamos esperar tudo isso por causa da nossa internet discada, para falarmos com amigos ou pessoas de outros Estados, Países e depois voltávamos as nossas vidas normais porque não conseguíamos levar o computador no bolso, então saíamos com nossos amigos, conversávamos olho no olho, íamos para as reuniões de família e fazíamos aquelas rodas enormes para conversar, ou cantar aquele modão sertanejo com alguém arranhando um violão "Traz mais uma e joga a chave", sem ter que ficar o tempo todo brigando para que a pessoa largue o celular ou tentando chamar a atenção de alguma forma. Vá visitar alguém que a muito tempo não vê, só se falam pelas redes sociais. Ligue para sua avó, tia, primo, amigo, vizinha. Marque um imagem e ação com aquelas pessoinhas especiais. Mande um sms e se lembre como é a sensação de não saber se a pessoa visualizou ou se está escrevendo algo neste exato momento. Vá dar uma corridinha no Parque, dessa vez não terá interrupções, leve as crianças para brincar no Parque com a sua atenção voltada totalmente para elas. 

Um amigo escreveu no seu Facebook "Pronto, gente. Já podem voltar a mandar e receber cartas". E me veio um sorriso no rosto, porque já escrevi muitas delas, que foram entregues ou não. E não estou falando dessas do correio, nunca enviei uma dessas para ninguém, mas sempre fui muito boa em me expressar por meio de palavras, porque vocês já sabem né o sem filtro ás vezes é bom, mas algumas vezes não deixa bem claro para a pessoa o carinho que eu tenho por ela quando eu solto uma rajada de verdades, essa minha forma linda de não pensar antes de falar. E quando eu escrevo posso pensar com mais calma e colocar de uma forma verdadeira, mas que não machuque tanto a pessoa, vocês leram o "tanto"?! rs. Então, já escrevi muito para as pessoas, algumas vezes páginas e mais páginas, e adorava, acho que graças a isso hoje tenho essa facilidade toda. E com essa frase consegui relembrar todos aqueles momentos incríveis, mas há muito tempo que eu não faço isso, e você? A quanto tempo não faz? Já fez algum dia?. Já pensou em surpreender alguém com esse gesto tão bacana, de escrever para alguém? Bom, você tem quarenta e oito, aliás quarenta horas, para se dedicar a escrita e a alguém.

Eu sei que muitas pessoas não irão gostar do que vou falar agora, mas acho que deveriam ter essas quarenta e oito horas pelo menos umas duas vezes ao mês!... Tá tá tá tá é muito para você né?! Mas poxa, então deveria ter pelo menos uma vez por mês, agora acha justo?!. Eu acho justo poder levantar um dia sem a obrigação de pegar no celular para responder mensagens, de sentir saudade de falar com alguém e ligar e ouvir a voz dessa pessoa, de rir dessa "tragédia" que é ficar sem o aplicativo, de sair para beber com os amigos e perceber que os olhos da Juliana são verdes e não castanhos como eu achei que sempre fossem, de fazer mais rodinhas de piadas e músicas com a família, de poder beijar a sua paquera sem ter que ficar se enfiando entre ela e o celular como eu vi um garoto fazendo esses dias no shopping, de tirar um tempinho do meu dia e escrever para alguém, para que fique registrado ali, naquele papel o que eu sinto por essa pessoa, como ela me faz feliz com o seu sorriso. E muitos vão dizer, isso é possível sim, é só você querer. Não, não é possível porque não depende só de mim, ou de você, mas de todos os outros, então quando acontece algo do tipo temos que aproveitar.

E você?! O que vai fazer nas suas quarenta e oito horas, além de resmungar sobre a injustiça que é não poder se "comunicar com alguém"??!! 







quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A gente precisa mesmo ...


... parar de esperar que tudo caia aqui na nossa mão, como se o destino fosse elaborar e colaborar sozinho com tudo que esperamos que aconteça um dia na nossa vida, e quando não acontece xingamos e culpamos Deus e o mundo por não estar lá no meiozinho de nossas mãos. Levanta a cabeça, sacode a poeira e vai atrás daquilo que você quer, faça por merecer, se esforce, ás vezes acabamos caindo pelo caminho, mas a cada vez que você se levanta você fica bem mais perto daquele prêmio mais esperado.

... de muito Amor e sorriso no rosto, ame e faça alguém sorrir, sem se preocupar se mais ali na frente vão te partir o coração e ficar indiferente com seus sentimentos, quando proporcionamos o bem a alguém, a alegria, a emoção, tudo volta para gente mais bonito, mais intenso, mais lindo. Você tentou uma, duas, três, quatro, dez, dezenove, trinta e cinco vezes?! Tente trinta e seis quem sabe é o seu número da sorte?! Eu sei, e como sei, é cansativo sim quando parece que ninguém dá valor aquilo de mais bonito que estamos ali oferecendo, mas você imaginou como deve ser triste ser a pessoa do outro lado que não recebe nada, que não se doa em nada, que não vive nada, que não se permite experimentar nada?!.

... de Força e Fé para enfrentar todos os desafios malucos que a vida teima em mandar para gente, que quando você imagina, não pode piorar e piora. Força para enfrentar e Fé porque precisamos sempre acreditar que é possível sobreviver, que lá no fim do túnel ao invés de mais uma armadilha tem o tão cobiçado Pote de Ouro. E porque não transmitir força e fé a alguém? Algumas pessoas parecem perdê-las pelo caminho então, porque não renovar isso no outro para que ele também escape das próximas armadilhas e chegue no seu Pote de Ouro também?!.

... de amigos, desses anjos que são colocados em nossas vidas para nos mostrar o que não conseguimos enxergar sozinhos, de nos mostrar aquela verdade que dói e muitas vezes não queremos senti-la então nos escondemos atrás de mentiras, mas que também junto a ela trazem um abraço terno e sincero, mostrando que estão ali. Amigos que nos levam para passear e arejar a mente, que trazem vinhos e cerveja num dia ruim, que nos levam para dançar e expulsar todas as dores no corpo e na alma, ou aqueles que só sentam do nosso lado e seguram nossa mão porque sabem que palavras não vão adiantar, só a presença.

... de família que não ache que apontar o dedo na nossa cara para todos os erros e defeitos vai ser de grande ajuda, mas que sentar e conversar e ver o que pode ser feito sim. Dessas bem calorosas que se encontram e transbordam em abraços, gargalhadas sem fim, comilanças deliciosas, novidades interessantes, olhares efetuosos.

... de respeito, respeito pelo que somos e por tudo que passamos para chegar até aqui, ou até mesmo por não termos chegado ainda, mas estarmos ali, no caminho, tentando encontrar uma direção. E de respeitar, respeitar as diferenças existentes, os limites das pessoas, a opinião, a dor, a alegria, a decisão, respeitar o caminho que a pessoa escolheu percorrer.

... se apaixonar mais, viver ardentemente e intensamente cada momento de nossas vidas sem se preocupar com a opinião alheia, se preocupar apenas com o que te faz feliz. Andar de bicicleta sem as mãos no guidom, fazer uma estrelinha na areia mesmo que torta, bater na porta do vizinho e sair correndo, deixar um post it com seu número colado na carteira daquele gato ou gata, fazer guerras de travesseiros, se encontrar com amigos antigos que você não vê a tempos, falar besteira com amigos, ajudar uma senhorinha a atravessar a rua ou levar suas sacolas.

... de Pessoas verdadeiras, de piscinas geladas, tomar um, dois, três banhos de chuva, de se arriscar, comer sem se preocupar, fazer sem culpa, passar debaixo da escada, beijar um gatinho preto, pular amarelinha, sair sem destino, comprar passagens por impulso e viajar num fim de semana, comprar tickets para o show dos seus sonhos em outra cidade, comer pipoca de doce, enfrentar um grande medo, gritar até ficar rouca, fazer uma serenata, subir numa árvore, correr até perder o fôlego.

... de Amor , amor por tudo e por todos. Amor por aquele filhotinho lindo que lambeu seu rosto e te conquistou, por aquela música que bateu de jeito e que você não consegue ouvir sem mexer os bracinhos e em seguida o corpo inteiro. Amor pela sua Avó, seu Avô, seu pai, sua mãe, aquele seu irmão pentelho e sua irmã mandona, pela Tia doida, pelo Tio que não para de falar. Amor pelo próximo que precisa da sua ajuda para conseguir almoçar mais tarde ou levar o leite para o filho em casa. Amor pela sua vida e a vida de outro alguém, esse amor que nos leva a nocaute, que nos faz voar, que nos faz acreditar sempre outra vez.      

... É Ser Feliz




quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Essa tal Indiferença...


Esses dias estava aqui pensando como doe essa tal de indiferença, como machuca quando o outro não está nem aí para você. Certa vez li num dos mil textos que leio por aí que "Indiferença é quando um telefone toca, a pessoa pega, vê quem é, e devolve o celular novamente para o bolso". Sabe aquelas suas mensagens que você prefere acreditar que não chegou por ter sido extraviada para o whatsapp de alguém no exterior ou quando você acha que aqueles dois tracinhos azuis tão com defeito por que se a pessoa tivesse visto você estaria recebendo uma mensagem de volta agora?! Pois é, essa tal indiferença aí, que você preferiria mil vezes que a pessoa tivesse atendido o celular e te mandado para a puta que o pariu ou te xingado de tudo menos de santo pelo whatsapp, ao silêncio.

Aquele silêncio ensurdecedor aos seus ouvidos, que faz o coração bater sem nenhum ritmo, que traz aquele frio desagradável dos pés a cabeça. É difícil entender como uma pessoa pode ser assim, tão indiferente, tão alheio a outro alguém, que tenha tão pouca importância que não mereça nem um "vai se ferrar", "me deixa em paz", "não quero te ver", "não quero falar com você". E provavelmente seja por isso que machuca tanto, que corrói algumas pessoas por dentro. Ser indiferente é mostrar que a existência do outro não significa nada para você da pior forma possível.

E como estamos todos indiferentes uns com os outros, indiferentes com o sofrimento do outro que chegamos ao nível de medir forças e tempo para bater boca e discutir sobre qual foi a pior desgraça, a minha ou a deles, mas não paramos para ajudar nenhum dos lados. Indiferentes com outros seres que julgamos ser mais inteligentes e evoluídos, mas maltratamos bichos, poluímos rios, matamos por esporte e prazer. Indiferentes com o amor do outro, que um mês depois fazemos de conta que aquela pessoa nunca existiu em nossa vida, que nunca esteve ali ao nosso lado, desrespeitando, magoando, ferindo. Indiferente com a corrupção, com os nossos jovens, indiferente com um amigo, com o vizinho, com mortes inocentes, com a fome de um menino de rua, com o desespero de uma mãe, com a solidão de um idoso, são tantas as indiferenças espalhadas por aí.

E eu juro que tentei, tentei mesmo achar algo com o que deveríamos e poderíamos ser indiferentes, mas não consegui achar nenhuma boa razão, você consegue?! Consegue me dar um bom motivo para não estender uma mão para quem precisa de ajuda, abraçar uma pessoa que precisa de forças para suportar uma dor, fazer carinho num bichinho que foi abandonado numa estrada, abaixar um pouco a sua velocidade e deixar o outro passar, enxugar uma lágrima, sorrir junto de uma piada sem graça, mandar água para Minas ou orações para a França, ajudar um cego a atravessar a rua, ser sincero e falar "Ei eu não te quero mais", atender o telefone e dizer ao outro para parar de ligar.

Quem nunca foi indiferente com alguém ou uma situação e quem nunca sofreu com uma indiferença?!. Mas o mais importante não é ter sido ou ter sofrido, o mais importante é, ainda assim você vai continuar indiferente?!