quarta-feira, 13 de julho de 2016

Cartas de Amor


E eu estava ali de boca aberta, sem conseguir acreditar no que eu estava ouvindo, sem acreditar que ainda existe algo tão apaixonante e lindo de se ouvir, sem acreditar nos olhares que aqueles dois trocavam, tão intenso e tão meigo ao mesmo tempo, enquanto confessavam que se escreviam, que escreviam cartas um para o outro e que aquilo mantinha aceso todo o Amor dos dois.

Sete anos eles me disseram, sete anos que estavam juntos. E aí você imagina que é um casal que já está lá por volta de seus trinta, trinta e cinco anos, mas não, eram bem mais jovens ainda, na casa dos vinte e poucos. Se conheceram no colégio e estão juntos por sete anos, o olho dela brilhava ao falar. Claro que depois de términos e algumas brigas, mas ainda estavam ali de pé.

Ela deu um sorriso meio sem jeito e disse que ainda sentia frio na barriga ao esperar pelas cartas, frio na barriga de saber que iam se encontrar no fim de semana. E eu ali, no meio das confissões ainda tentando entender, como depois de sete anos ela ainda sentia frio na barriga esperando por ele. Ela me falou isso depois que perguntei, como era estar com alguém por tanto tempo, como fazia com a monotonia, como não cansar e jogar tudo para o alto e ela soltou assim, sem nem pensar, "eu ainda sinto frio na barriga quando sei que vamos nos encontrar".

E ele, atrás das lentes de uma câmera soltou "nós nos escrevemos, escrevemos cartas um para o outro", e o olhar dele para ela era de se derreter. Então me falaram, que o faziam com uma certa frequência, que quando ele demorava por algum motivo, ela puxava a orelha dele e cobrava. O mais interessante foi ouvir da boca de uma moça de vinte e dois anos que nós perdemos muito por não falarmos o que queremos, "eu não entendo porque ficamos com esse receio bobo de falar para o outro do que gostamos, o que queremos, de sugerir, de pedir. Se perde tanto com isso".

Se perde mesmo, olha que incrível, eu por exemplo adoro escrever e nunca pensei em escrever para alguém, a não ser num cartãozinho colorido de aniversário. E o receio, como temos receio de falarmos para o outro tudo o que queremos, nos deixamos levar por um "ficar" eterno com medo de que se falar para o outro que queremos um relacionamento sério, ele desista. Deixamos de sugerir mudanças que poderiam ter salvado um casamento. Interrompemos falas que poderiam ter acabado com algumas lágrimas. Conversas nunca tidas que poderiam ter salvado uma amizade.

E cartas, quantas cartas poderíamos ter mandado para alguém que realmente importa na nossa vida?. Meus pais chegaram a se escrever, lembro que minha mãe comentou certa vez. O quanto eles estão perdendo por não fazerem mais isso?. Quanto estamos perdendo em não experimentar as palavras de alguém, em nos podar sobre o que queremos e o que realmente nos faz feliz?!. 

Aqueles dois, tão jovens e ao mesmo tempo com uma bagagem imensa a minha frente, me fizeram compreender como deixamos, perdemos momentos incríveis por medo, por omissão, por deixar de... Me fizeram acreditar que tudo pode dar certo, que podemos encontrar uma forma de desviar do cansaço, da monotonia, das coisas ruins, simplesmente falando ao outro, mostrando ao outro como ele pode nos fazer feliz. Como uma simples carta pode trazer de volta aquelas borboletinhas que estavam apenas escondidas em algum lugar.

Então, você já está com papel e caneta em mãos?!. Preparado para Viver Cartas de Amor?.


Uma música para o Casal <3

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